EM 12/01/2021 AS 18:50

Crianças e televisão: como manter o equilíbrio?

Nessa época de férias, é inevitável que a criançada passe mais tempo diante das telinhas, afinal, os pequenos também merecem se divertir e descansar curtindo um entretenimento próprio para a idade, né? O problema acontece quando a televisão se torna um vício, tomando tempo útil das crianças e trazendo consequências ruins para o seu desenvolvimento. É dever dos pais manter o equilíbrio entre “puxar” e “soltar”, e o post de hoje fala sobre isso.

Como a televisão consegue atrair a atenção das crianças?
Quando somos crianças, tudo é novidade, e a televisão é como uma porta de entrada colorida e acessível para qualquer mundo que possamos sonhar – e as empresas de entretenimento infantil sabem muito bem disso!
A TV utiliza da imagem para explorar o lado lúdico dos pequenos, com cores e formas que chamam bastante a atenção para eles, além da simplificação da realidade por meio de personagens, músicas e cenários coloridos. A criança passa a ver a televisão como uma forma mais fácil e rápida de entender o mundo. Outro fator importante é que, diferentemente do cinema, por exemplo, a televisão “vai” à casa das crianças, está lá o tempo todo, não depende de nenhum deslocamento, esforço ou compromisso.
Hoje, com a saída dos pais para jornadas cada vez mais longas e exaustivas de trabalho, há uma dificuldade em proporcionar atividades educativas e divertidas no dia-a-dia da família, e até a falta de recursos para criar passatempos diferentes contribui para esse cenário. Com isso, a televisão acabou se tornando uma saída mais rápida para o entretenimento, quase como uma babá de baixo custo, já que está em nossas casas o tempo todo e não exige muito dos pais.
Quais são os problemas desse cenário?
Muitos estudos foram feitos sobre a relação entre crianças e a televisão. Nessas pesquisas, foi descoberto que a criança brasileira, por exemplo, é a que mais assiste à televisão no mundo, chegando a passar mais de três horas e meia por dia diante da TV.
Entre as consequências dessa exposição prolongada estão:
a aprendizagem social, que poderia ocorrer de modo mais eficiente pela observação do comportamento dos pais e de outras pessoas reais;
assistir TV é uma atividade sedentária, priva os pequenos das brincadeiras ativas e do exercício físico que eles precisam para crescerem fortes e saudáveis.
a dessensibilização, quando, por exemplo, a criança se vê diante de cenas de violência, que podem se tornar cada vez mais admissíveis como algo normal;
quando exposta a muitas horas na frente da TV, a criança pode se tornar inquieta e/ou irritada, dependente e hipnotizada pelo conteúdo da televisão;
o aumento do medo, causado pelas representações das pessoas como malvadas do mundo como um lugar aterrorizante;
o excesso de exposição a telas pode causar fadiga ocular e outros problemas nos olhos (não só em crianças!). Para evitar isso, façam pausas no meio da programação, olhem para longe, interajam com o ambiente e nunca assistam televisão na escuridão total. Mesmo seguindo essas recomendações, é recomendado a todos fazerem exames oftalmológicos regularmente;
a vulnerabilidade, pois a criança é apresentada a uma única visão e pode deixar de se questionar sobre o mundo e a realidade à sua volta, tornando-se um alvo fácil para quem quiser enganá-la.
Como essa relação pode melhorar?
Para impedir os possíveis danos causados pela exposição à televisão, o primeiro impulso é proibir, né? Mas a verdade é que dá para estabelecer uma relação equilibrada, com uma dose de cuidado dos pais, afinal, o entretenimento infantil na TV pode ensinar muitas coisas aos pequenos, e esse aprendizado não precisa ser perdido.
O que você pode fazer:
acompanhar seus filhos quando estiverem em frente à telinha, para saber o que estão consumindo e, se preciso, fazer alterações em sua programação;
reduzir o tempo de exposição à televisão para crianças (uma a duas horas por dia, no máximo), para que elas sejam “obrigadas” a encontrar novas formas de entretenimento e, assim, se desenvolverem melhor, afinal, é preciso aproveitar o tempo durante a infância com brincadeiras e atividades que desenvolvam as habilidades motoras, a criatividade e a curiosidade;
fique atento ao conteúdo e à classificação etária dos programas que VOCÊ está consumindo na frente do seu filho. Ele deve poder assistir a tudo o que você assiste, afinal, ele vai querer imitar você em tudo;
se o seu filho é mais novo, não deixe de rir e de se envolver com o que está acontecendo na tela, mesmo que o humor não esteja ao seu nível. Essa atitude vai ajudar a criar laços com a criança e a tornar os momentos em família mais especiais.
questionar as crianças sobre o conteúdo que elas assistem, explicando o que há de certo e errado, real ou irreal naquilo que está sendo transmitido, fazendo comparações com a vida “aqui fora” e agregando novos conhecimentos e valores – essa é uma excelente forma de tornar a TV uma amiga na educação dos pequenos.

TV para bebês, pode ou não?
Especialistas acreditam que o melhor às crianças é que o acesso à televisão não aconteça antes dos dois anos de idade. Segundo eles, até essa idade, as crianças ainda estão desenvolvendo a fala e a sua coordenação motora, e passar horas na frente da TV não ajuda nesse processo de desenvolvimento.
Os pequeninos não conseguem assimilar o conteúdo dos programas de televisão, seja pela imaturidade ou pelo vocabulário escasso. Só por volta dos três anos, as crianças adquirem a compreensão das palavras cinco vezes mais do que conseguem pronunciá-las, e, ainda assim, o uso da TV como artifício de entretenimento deve ser controlado e limitado.
Cabe a nós, adultos, garantirmos uma relação de equilíbrio e responsabilidade entre as crianças e a TV, para que ela não se torne nem uma babá eletrônica e nem a grande vilã na formação dos pequenos. Se conseguirmos estabelecer com eles, desde cedo, uma relação de confiança, carinho e paciência, esse e outros artifícios tecnológicos terão apenas um papel de coadjuvante no aprendizado e na infância dos nosso filhos, sendo a convivência e os exemplos da família a base do seu desenvolvimento como ser humano.
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